sábado, 25 de fevereiro de 2012

(Des)Organização mental

Olha pela janela e vê o sol nascendo. Mais uma noite sem dormir, que se tornará mais um dia inteiro perdido para que não acabe se tornando algo como um morto-vivo. Os dias não são exatamente animadores, e as noites parecem muito mais convidativas. Passa a perceber que mesmo sem dormir uma noite e um dia inteiros, não consegue pegar no sono até que veja a luz do sol atravessando sua janela e invadindo seu quarto. A velha amiga insônia perturba sua mente até o esperado momento. Coisas triviais distraem sua cabeça. Evita ouvir música para que seu subconsciente não lhe pregue peças.
Tem a sensação de que tudo o que aconteceu há apenas algumas horas atrás, foi há dias. O tempo parece todo errado, andando por aí desleixadamente, da maneira que bem entende, e quanto menos horas dormidas mais isso se intensifica. Ora ele passa preguiçosamente, ora apressadamente, sem se importar com as enxaquecas que essa confusão causa.

Insônia que causa confusões que causam enxaquecas.

Mas nada pode ser feito para mudar isso, ou é feito, até porque chega a ser apreciado. As enxaquecas evitam que sua mente lhe pregue peças, já que a tontura não a permite.

Enxaquecas que, ironicamente, lhe aliviam a mente.

Mentes perturbadas, algumas mais do que as outras. Sobrando, afinal, apenas loucos.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Carpe Diem

Sempre fomos motivados a viver cada segundo como se fosse o último...

Mas o mundo parece tão chato ultimamente que desmotivação se tornou algo corriqueiro.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Pequeno Pedaço de Céu

Tudo girava. Uma canção que parecia interminável. Braços que a envolvem e fazem com que nada mais no mundo importe. Só aquele momento existia. Aquele baile. Seu vestido de um azul profundo com detalhes numa seda perolada e diamantes brilhava como um pedaço do céu noturno e suas estrelas, enquanto ela deslizava naquele salão de baile, na festa em que seu pai dava. Era alguma comemoração banal. Importava que aquela era a oportunidade de estar nos braços daquele que tanto desejava. O traje dele, de um azul quase preto, que só podia ser visto conforme ele se movimentava, estava impecável. Eram um par perfeito, numa noite perfeita, mas ninguém nunca poderia desconfiar disso. Ela era, acima de tudo, filha do homem mais importante daquela pequena cidade. Ele era apenas um soldado que, quando não estava servindo, ia passar seu tempo livre ali naquela cidade.
Começou a tocar uma música com um ritmo mais agitado, mas que se tornava macabro conforme o andamento da melodia. Eles a dançaram, olhando-se nos olhos, sem desviar o olhar. Ela não tinha certeza se era a melodia da música, mas via um brilho sombrio nos olhos daquele que dançava tão graciosamente, e um sorriso de canto que lhe dava arrepios. Dançaram aquela música macabra, a ultima dos dois, até o final. Ele a conduziu devagar para fora do centro do salão, seguindo para o jardim, onde alguns casais estavam trocando olhares amorosos e flertes disfarçados com risinhos.
Continuaram caminhando. Lado a lado. Conversando. Sorrindo. Entraram num jardim com cercas vivas altas, como um labirindo. Chegando no centro, ficaram de mãos dadas, conversando ainda. Num silêncio gostoso, se ficaram se encarando, sorrindo. Aproximaram os rostos lentamente, dando um beijo calmo. Ela então voltou a realidade quando uma brisa gelada passou, agitando seus cabelos. Alguém poderia vê-los ali.
Afastou-se bruscamente, virando de costas para ele, envergonhada. Começou a balbuciar algo sobre aquilo ser errado, e sentiu que ele se aproximava lentamente. Sentiu um arrepio dos pés a cabeça, mas nada poderia estar errado. Era o seu soldado que estava ali, para protegê-la. Se virou, recuperando  o controle, e sentiu o fio da lâmina entrar em seu coração. E viu aquele traje impecável, que naquele momento parecia preto, mas ela sabia que na verdade era de um azul profundo. Seu vestido também era de uma cor parecida. Não tão escura, mas também de um azul escuro. Ele havia lhe dito, uma vez, que o azul escuro caía muito bem nela. Por isso escolheu especialmente aquele vestido pro baile.
Se lembrou também, naquele segundo que teve de consciência antes de apagar, do bilhete. Do aviso daquele que estava aterrorizando a cidade. Quando encontraram a nona garota morta com uma faca no coração no jardim da própria casa, havia um papel em sua mão. “Eu voltarei, para a décima e última. Meu mérito final.” Era ela. Durante esse tempo todo. Era ele. Esse tempo todo. Viu o sorriso maldoso, que apenas ameaçava aparecer no salão, durante aquela música macabra, agora totalmente aberto. E o brilho sombrio de seus olhos. E tudo ficou escuro. 

Pra sempre.






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Me deu um surto depois de ficar dias sem internet e escutando Avenged Sevenfold - A Little Piece of Heaven (de onde vem a "música macabra" e o título) e resolvi escrever. O começo da música me lembra uma valsa, mas não uma calma, uma de filmes de terror, onde você sabe que algo horrível vai acontecer com aquele casal e aquele momento vai ser arruinado, ou então quando fantasmas estão dançando no meio de um salão antigo. Então escrevi um conto de terror antigo. Não queria fazer algo muito grande porque ia ficar cansativo, então resumi o máximo que eu pude. Elementos só que forem essenciais na história e tudo aquilo.
Acho que é isso. :S