Às vezes todos nós temos vontade de correr pra bem longe, onde ninguém pode nos achar, e nunca mais voltar.
Nunca mais voltar para o trabalho, nunca mais voltar pra escola, nunca mais voltar pra casa, nem pra casa de mais ninguém. Nunca mais falar com alguém. Ninguém. Apenas você e o vento. Ou o sol. Ou a chuva. Ou as árvores.
Mas assim como temos vontade de nunca mais voltar, sabemos que nunca poderemos realmente ir. Dependentes, ficamos com o que nos é confortável.
Uma rotina. Um trabalho. Estudar pra prova de terça-feira. Amigos pra conversar. Amigos pra festejar. Familiares a quem voltar, pra te lembrarem dos momentos mais constrangedores da sua infância (porque eles passaram por isso, e se vingam em você). Pessoas a conhecer. Lanchonetes. Shoppings. Cinema. Televisão.
Tudo confortável. Tudo o que você tem quando permanece na sociedade.
E, apesar de todo o cansaço, de toda a revolta, da repulsa por essa coisa padrão e banal, você vive nisso. Você permanece nisso. Até que seus filhos nascem, e você os ensina a viver do mesmo jeito que você viveu, e os ensina a suportar tudo isso de boca calada, porque falar não adianta nada.
E seus filhos vivem assim. E os filhos deles. E os filhos deles. E os filhos deles…
E esse ciclo nunca acaba, ou nunca acabará.
Qual seu maior sonho?
É basicamente inevitável, e quanto mais se pensa sobre esse ciclo vicioso, mais se vê o quão errado tudo está e a quantidade imensa de tempo que eu, você e todo o resto desperdiça com futilidades. Adorei o post.
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