sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Nostalgia


A garota olhou novamente para o céu de dezembro, os últimos resquícios de primavera irem embora, empurrados pelo mormaço quente do verão que se aproxima. Olhou, do banco da praça onde estava sentada, crianças brincando com pássaros, e isso lembrou-lhe seus tempos de infância, onde tudo era muito simples. Passava o dia todo brincando com seu irmão mais novo de policia e ladrão no quintal de casa, usando um Walkie Talkie que mal funcionava para comunicar-se com ele de um lado da casa com o outro, e a mãe os assistia sorrindo enquanto cortava melancias e os chamava para ir brincar na piscina de mil litros, porque estava muito calor.

Lembrou-se então da piscina, da sua gata, da sua antiga casa, aonde pensava que ia morar pra sempre, porque afinal, era uma casa própria, o que na cabeça da pequena menina era uma casa “para sempre”.

O verão lhe irrita profundamente, desde que descobriu que preferia usar casacos a tops curtos, exibicionistas, que só fazem as garotas parecerem símbolos sexuais e vulgares. Ela anda pela praia por onde mora desde a terceira série e vê meninas jogando vôlei e se exibindo para garotos que ficam de boca aberta, só olhando. Ri disso. Garotos são trouxas. Por que meninas lésbicas pegam mais garotas? Elas dão em cima delas, não ficam olhando que nem bobocas e sonhando em vê-las nuas na cama. Trouxas, isso que são. Riu de novo lembrando-se da cara do seu amigo na noite anterior quando ela lhe falou isso, sua cara de espanto.

Por que o ano não acabou ainda mesmo, pra termos o outono e o inverno de novo? O verão nem começou oficialmente e eu já estou de saco cheio dele. A única coisa boa é porque é férias. Por que não temos férias no inverno, mesmo?

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Interior-Noite: Que culpa tem o machado dos seus berros?


Uma certa garota gostava do campo, gostava das vaquinhas, gostava do capim molhado. Isso tudo me deixa doente. Ela ia para o campo com a família, eu quase nunca os acompanhava. A família dela não gostava muito de mim mas na época eu não sabia disso, soube depois quando fodeu tudo e já tanto fazia uma coisa ou outra. Eu gostava muito deles, sobretudo a mãe, era linda, com lindos cabelos brancos e seios redondinhos que eu tinha vontade de chupar. A irmã era linda às vezes e estúpida sempre. Era uma família padrão: mãe abandonada, dois irmãos sonhando em fazer dinheiro, uma irmã que queria uma bunda maior e passava horas na academia, um pai beberrão, arrogante e mulherengo que só aparecia de vez em quando. Mesmo assim, eles o amavam e ele sabia tirar partido desse amor. Eram pessoas que tentavam seguir em frente e embora eu não quisesse ir para nenhum lado e sim ficar nos olhos dela, nos serenos olhos de uma certa garota, gostava deles, afinal de contas eram parte dela.
Tinha duas cadelinhas: Zeppelin e Floyd. No fundo do quintal eu ajudava a dar banho nelas e catar pulgas. Sou ótimo para duas coisas: catar pulgas e perder aquilo que amo. A mãe dela nos via e parecia pensar que se fazíamos aquilo juntos nada ia nos separar. No entando, foi isso que nos separou: um pulgão, escuro, tamanho família, fofo, chorão, ranhento. As cadelinhas eram lindas: a Floyd, mais nervosa e escorregadia, a Zeppelin, melosa e brava, uma noite a vi caçar uma ratazana enorme.
Uma vez fomos a praia, não na área turística mas num vilarejo de pescadores. Ela nada bem. Eu, como em todas as coisas, me viro. Não é que eu saiba fazer alguma coisa, mas tenho minha própria maneira de não saber fazer, um estilo inconfundível que transforma a estupidez em arte: isto é suficiente a menos que se tope com um especialista. Para a minha sorte o mundo está cheio de pessoas insatisfeitas e insignificantes, gente que só consegue dizer que está errada uma coisa que parece errada, assim é pouco provável que vá topar com um especialista. Se você por acaso ainda não sabe, um especialista é aquele tipo de pessoa que pode descobrir o que está errado numa coisa que parece certa e se delicia descobrindo isso. Daquela vez me diverti como nunca: deitados na areia. Pulando na água. Jogando bola. Tentando transar atrás de uns matagais. Sentado numa rocha olhando-a brincar com as ondas. Não sei como ignorei então que ela era a melhor coisa que eu nunca teria.
A pele é branca mas o sol a escurece um pouco e ela fica linda. Quando se está assim tudo corre bem, o mundo gira em sua mão e, ainda que você não seja nada, brilha. Ela treme quando você a toca, entrega tudo, até o que guardava para o mau tempo. Uma doce e sensível criatura de Deus. Você é o herói dela e não tem que se esforçar para ser bom e crédulo. Os pescadores olham para a sua garota e embora isso incomode um pouco, você pode entendê-los: ela é um regalo para os olhos e você é o dono, pode beijá-la e fazer amor com ela quando bem entender, é o primeiro e único homem da sua vida, o jardineiro que cortou essa flor, cortou-a com ternura, não houve dor, foi lento e prazeroso como chupar bala de hortelã. Os pescadores olham pra ela como se fosse uma estrela, eles não podem cortar flores tão suaves, eles comem capim como os burros. Se tivessem flores assim, eles a destroçariam porque a ansiedade os queima, mas você não tem pressa. Pra quê? Ela é sua pra sempre.
E um dia tudo acaba, ela diz nunca mais e é a sério. Você enlouquece tentando abrir a porta que abriu mil vezes. Para ela você é menos que um marco na estrada. Num domingo você a encontra naquele vilarejo de pescadores com um inseto agarrado no pescoço. O inseto é gordo, isento de graça e desprovido de humor, não passa de uma lesma flutuante. Ela o fita e não há amor em seus olhos, o inseto não se importa com isso, está acostumado a comer sobras. É ele quem está com ela agora e de nada adianta para você ser melhor. Se você não está com ela agora quem vai acreditar que você é melhor, é como eu disse: os especialistas não abundam. E lá vai você, entre os pescadores, observando a bela garota e o feio inseto. Os pescadores parecem encantados, o inseto tem muito em comum com eles, deixa-os pensando que podem colher flores assim, que não estão condenados ao capim como você os fez acreditar. A hostilidade ronda e você opta por sair com o rabo entre as pernas, você poderia partir esse inseto em três pedaços iguais e enviá-los para a mãe dele embrulhados em papel celofane. Mas nada vai trazê-la de volta e você já aporrinhou bastante.
Você pensava que com o tempo ela ia cansar, que ele não podia preencher os espaços abertos por você, que não tinha talento para lhe dar sorriso e dor. Durante um tempo andou seduzindo umas fulanas para mostrar a ela o que você valia, mas não houve resposta. Ela gosta de cinema, teatro, leitura, sonha ser atriz e aquele retardado não tem a menor ideia disso. Passam os dias e o inseto não desgruda. Numa tarde você encontra a melhor amiga dela num antiquário e ela conta que uma certa garota e seu inseto são felizes e vão se casar, que o retardado aprendeu muito de cinema e já está escrevendo seus primeiros poemas, que juntos conseguiram tirar todas as pulgas das cadelinhas, que ele o faz com destreza, sem arrancar-lhes os pêlos, e tanto a Floyd quanto a Zeppelin o adoram. Você acha que aquela bexiga de porco é melhor do que eu? Ela diz que sou cem mil vezes melhor em qualquer sentido mas que ele é tranquilo e fiel. Pode ser feio mas a ama e cuida dela. Saímos do antiquário e paramos numa esquina. E eu sou o que, um ogro? Ela ri. Você é forte e presunçoso, e eu gosto. De maneira que vou a um bar e depois a um motel com a melhor amiga dela.

Capítulo do livro: Era uma vez o amor mas tive que matá-lo, de Efraim Medina Reyes, editora Planeta.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Todas as noites

Todas as noites são iguais: os meninos satisfeitos e as meninas querem mais.
Sonhos caem como chuva e é tarde demais, eu não consigo dizer não. Hoje a noite tudo pode acontecer, quem olhar nos olhos vê pares e sedução. Num canto escuro pequenos goles de solidão. A noite esclarece o que o dia escondeu.
Meia-noite, noite inteira, 3, 4, 5 da manhã. Eu vou embora mas eu sempre volto atrás porque as noites são todas iguais.
Todas as noites são iguais, de longe os disfarces parecem reais. Mãos me vestem como luva e é tarde demais eu nao consigo dizer não.
Hoje a noite é ser até amanhecer. Quem olhar nos olhos vê estrelas no chão. Num canto escuro pequenos goles de solidão. A noite esclarece o que o dia escondeu.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Memories cause love. Love kills.

Sou nova demais pra isso. Nova demais pra me sentir culpada por um namoro adolescente. Afinal, qual foi a minha culpa? Terminar tudo? Ah, é, eu fiz isso apenas por mim mesma. Ou eu terminei porque me apaixonei por outro.
Não, fiz por nós dois. Mas por que eu me sinto culpada? Porque sou idiota, simples assim.
Vejo sua cara triste passando pelos corredores, passando por mim e me dando um meio sorriso, e meu coração se aperta. É, eu gosto dele. Ainda gosto. Mas sabe quando as coisas mudam? Quando a rotina esgota a relação, e você vê que não dá mais daquele jeito.
Mas pra que mudar? Pra que fazer a pessoa mudar por um simples capricho seu? Não um capricho, na verdade. Me sinto um pouco forçada a fazer certas coisas.

Não me abrace mais daquele jeito. Nós não estamos bem porque conversamos. Ainda é cedo demais. Não finja que está tudo bem quando sabe que eu sei que não está tudo bem. Por favor, isso é pior. Tanto pra você quanto pra mim. Não faça isso, não faça isso, não faça!

Tenho vontade de gritar. Não quero dormir. Não consigo dormir na minha própria cama porque ela me acusa. Acusa de ter sido uma vaca impulsiva.
Mas isso é apenas eu.
Não consigo colocar uma roupa sem me lembrar de quando fomos àquele lugar naquela tarde nostálgica, em que falamos de tudo e rimos de nada. Não consigo colocar um pijama para dormir sem lembrar das vezes que dormimos juntos e ele fez o favor de tirá-lo para mim. E de novo, e de novo, e de novo.

Não quero mais fazer isso. Como uma sábia pessoa disse há alguns dias atrás: "Guria, deixa de ser idiota. Para com isso agora. Você não aguenta uma coisa dessas."
Acho que essa pessoa estava certa. Sei que me conhece melhor que eu mesma.
E eu vou parar.

Título: Retirado da série "House MD".

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

What Sarah Said

Percebi, então, que cada plano é uma pequena prece para o senhor tempo, enquanto eu encarava meus sapatos na UTI, que cheirava a mijo e 409. E eu controlei minha respiração enquanto disse pra mim mesmo que já tinha suportado demais por hoje, enquanto os batimentos enfraqueciam no monitor e te levavam pra um pouco mais longe de mim, entre as máquinas de venda e as revistas antigas, num lugar onde só dizemos adeus.
Por causa de um deslize violento, agora as memórias dependem de uma câmera defeituosa em nossas mentes. E eu sei que você era a verdade que eu preferiria perder do que nunca ter tido ao meu lado. E eu olhei para todos os olhos no chão enquanto a TV entretinha a si mesma.
Porque não existe conforto numa sala de espera. Apenas passos nervosos esperando por más notícias. E então a enfermeira aparece e todos erguem a cabeça.
Mas eu estou pensando sobre o que Sarah disse... Que amor é assistir alguém morrer.

Então quem vai assistir você morrer?

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Day by day

Os dias são cansativos, as noites são curtas. Durmo pouco, durmo mal, não durmo. Chocolate, coca-cola, pão de queijo, cappuccino. Reclamações, discussões, gritos, grosserias, brigas, reconciliações. Escrevo, leio, penso, reflito, jogo longe, fico triste. Vejo TV, me irrito, desligo, computador. MSN, orkut, tumblr, blog, e-mail, animes. Lentidão, músicas, raiva, fone de ouvido, jogo longe. Leio, penso, reflito, me sinto melhor.
Afinal, poderia ser pior, não é, Murphy?

Como se isso pudesse ser algo a se comemorar, no final das contas.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Lying is the most fun a girl can have without taking her clothes off


Ainda sou eu que te faço suar?
É em mim que você pensa quando está na cama? Quando as luzes estão turvas e suas mãos estão tremendo enquanto você desliza seu vestido?
Bom, então pense no que você fez, e eu rezo à Deus que ele tenha valido a pena, quando as luzes estão turvas e seu coração está acelerado enquanto seus dedos tocam sua pele.
Eu tenho mais inteligência, um beijo melhor, um toque mais quente, um sexo melhor do que qualquer garoto que você irá conhecer. Querida, você me teve.
Garota, eu fui quem você olhou depois de passado o suador, um merecedor do seu amor, trocando calor corporal no banco do passageiro?
Não, você sabe que sempre será apenas eu.
Vamos conseguir esses corações adolescentes batendo mais rápido, mais rápido!
Então, garotos testosterona e garotas arlequim, vocês vão dançar nesse ritmo e abraçar um amado perto?

Então, eu acho que estamos de volta a nós, camera man, ajeite o foco! No caso de eu perder minha linha de pensamento... onde estávamos mesmo?
Vamos nos apressar, nos apressar.
Oh, agora me lembro, nós estávamos indo para a parte onde o choque entra em cena, e o ácido estomacal acha uma maneira de te fazer ficar enjoado.
Eu desejo que você não espere ter toda a atenção . Agora, não vamos ser egoístas. Você realmente acha que eu deixaria você acabar com o refrão?

Vamos conseguir esses corações adolescentes batendo mais rápido, mais rápido!
Então, garotos testosterona e garotas arlequim, vocês vão dançar nesse ritmo e abraçar um amado perto?

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Férias

Estou com sono. Estou com fome. Estou doente.
Escola e trabalho acabam com a vida social de qualquer um. Finais de semana pra que?
Pra descansar, é claro. Pf, até parece que vou deixar meus cobertores quentinhos que eu mal aproveitei durante a semana toda pra sair na madrugada fria e cansativa, e nem saber como vai terminar a noite. Chegar em casa pela manhã e não conseguir dormir por causa do insuportável do seu irmão menor que tem problemas sérios (Porque quem dorme as dez da noite e acorda as oito da manhã em um final de semana tem problemas sérios. Fim.), precisar estudar pra quimica, física, matemática, e todas as outras matérias, pra não se ferrar no final do semestre, porque a escola não tem prova final: Ou você passa durante o semestre ou você se fode.
Precisa dar atenção pro seu namorado, pros seus amigos, e no final acaba dando pouca atenção pra ambos. Seus amigos reclamam que você está ausente, e seu namorado fica carente, reclamando de atenção. Começa a ir mal na escola. Começa a ser grossa com seu namorado. Começa a brigar a toa com seus amigos.
É nessa hora que percebe que precisa de férias. Urgentes. De tudo e de todos.
Mas outubro mal começou, e as malditas aulas e o maldito trabalho só vão acabar dia 21 de dezembro.
Isso me dá vontade de chorar.

Wishes

Às vezes todos nós temos vontade de correr pra bem longe, onde ninguém pode nos achar, e nunca mais voltar.

Nunca mais voltar para o trabalho, nunca mais voltar pra escola, nunca mais voltar pra casa, nem pra casa de mais ninguém. Nunca mais falar com alguém. Ninguém. Apenas você e o vento. Ou o sol. Ou a chuva. Ou as árvores.

Mas assim como temos vontade de nunca mais voltar, sabemos que nunca poderemos realmente ir. Dependentes, ficamos com o que nos é confortável.

Uma rotina. Um trabalho. Estudar pra prova de terça-feira. Amigos pra conversar. Amigos pra festejar. Familiares a quem voltar, pra te lembrarem dos momentos mais constrangedores da sua infância (porque eles passaram por isso, e se vingam em você). Pessoas a conhecer. Lanchonetes. Shoppings. Cinema. Televisão.

Tudo confortável. Tudo o que você tem quando permanece na sociedade.

E, apesar de todo o cansaço, de toda a revolta, da repulsa por essa coisa padrão e banal, você vive nisso. Você permanece nisso. Até que seus filhos nascem, e você os ensina a viver do mesmo jeito que você viveu, e os ensina a suportar tudo isso de boca calada, porque falar não adianta nada.

E seus filhos vivem assim. E os filhos deles. E os filhos deles. E os filhos deles…

E esse ciclo nunca acaba, ou nunca acabará.

Qual seu maior sonho?

Build God, Then We'll Talk


É um destes moteis de nível baixo na esquina da 4ª com a Freemont Street apelando, só porque eles não são muito atraentes. Qualquer católico praticante iria se benzer ao entrar. Os quartos tem um aviso de asbestos e talvez apenas um vestígio de formaldeído e o hábito de decompor-se bem diante dos seus olhos juntamente com as pessoas de dentro. Oh, que maravilhosa caricatura de intimidade
Esta noite os inquilinos abrangem um advogado e uma virgem tendo como acessório um rosário dentro da lingerie dela. Ela terá um emprego na firma nesta segunda-feira. A Sra. vai continuar com o advogado adúltero. Emprego a parte, ela realmente precisa do dinheiro dele.

(…)

Não há gotas de chuva nas rosas, e garotas de vestidos brancos dormindo com baratas e tendo oportunidades ruins à sombra dos lençóis, antes de todas as manchas, e um pouco mais de suas coisas menos favoritas.

Geralmente aqueles que sabem muito falam pouco, e aqueles que falam pouco sabem muito.

- Jean Jacques Rousseau

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Loucos e Santos


Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.
Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos.

Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não quero resposta, quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco.

Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta.
Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.

Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.

Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice!
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa.

Tenho amigos para saber quem eu sou.
Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

Soneto de fidelidade


De tudo ao meu amor serei atento
Antes, com tal zelo, sempre e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento

Quero vivê-lo em cada vão momento
Em seu louvou hei de espalhar meu canto
rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa lhe dizer do amor que tive
Que não seja imortal posto que é chama

Mas que seja infinito enquanto dure.
Vinicius de Moraes





terça-feira, 20 de julho de 2010

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"Duvide da luz dos astros,
De que o sol tenha calor,
Duvide até da verdade,
Mas confie em meu amor."

William Shakespeare

domingo, 18 de julho de 2010

Chasing Cars

Nos vamos fazer isso tudo, tudo, nós mesmos. Nós não precisamos de nada ou de ninguém.
Se eu deitar aqui, se eu apenas deitar aqui, você deitaria comigo e apenas esqueceria o mundo?

Eu não sei direito como dizer como me sinto. Essas três palavras muito ditas que não são suficientes.
Se eu deitar aqui, se eu apenas deitar aqui, você deitaria comigo e esqueceria o mundo? Esquecer o que dissemos, antes que fiquemos velhos demais.
Mostre-me um jardim que está se abrindo para a vida.

Vamos passar tempo perseguindo carros em volta de nossas cabeças.
Eu preciso de sua graça para me lembrar de achar a minha.
Se eu deitar aqui, se eu apenas deitar aqui, você deitaria comigo e esqueceria o mundo? Esquecer o que dissemos, antes que fiquemos velhos demais.
Mostre-me um jardim que está se abrindo para a vida.

Tudo o que sou e tudo o que fui está aqui em seus olhos perfeitos, e eles são tudo o que eu posso ver. Eu não sei aonde, confuso sobre o como, apenas sei que essas coisas nunca mudarão para nós.
Se eu deitar aqui, se eu apenas deitar aqui, você deitaria comigo e apenas esqueceria o mundo?

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Escuto a chuva cair...

e me lembro de você.
Vejo um raio de sol entre as nuvens, e me lembro de você.
Vejo um dia ensolarado, me lembro de você.
Sinto o vento gelado bater contra meu rosto, me lembro de você.
Ouço o barulho do mar, me lembro de você.
Ouço pássaros cantando, me lembro de você.
O silêncio da noite preenche a minha volta, me lembro de você.
Acordo, me lembro de você.
Durmo, me lembro de voce.

A cada vez que eu respiro, me lembro de você.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

I think of yesterday

Quando penso sobre o que aconteceu ontem, o momento que eu quebrei todas as minhas barreiras, que eu falei tudo o que eu realmente pensava, o que eu achava daquela situação... me arrependo de algumas coisas.
Apesar de estar ruim, acho que não poderia estar mais distante do que estou agora. Maldita fraqueza.
Fugir dos problemas.

Mas eu não consigo parar de pensar na maneira como você faz eu me sentir, e não consigo não gostar dessa maneira. Me sinto feliz, leve.
Até o momento que você me olha com um meio sorriso.


segunda-feira, 19 de abril de 2010

Another way

Faz tempo demais. Tempo de menos. Acho que quero tudo de volta, mas ao mesmo tempo tenho medo. Mas medo de que? Medo de tudo, acho eu. Medo de qualquer coisa que possa dar errado. Que tudo possa dar errado.
"Arrependimento não mata"
Não fisicamente, mas psicológicamente, é a pior dor que se pode ter. Odeio me arrepender das coisas. Se faço aquilo, tenho que ter certeza de que não vou me arrepender depois. Mas de que adianta, viver sem arrependimentos? É errando que se aprende o que não se deve fazer, da próxima vez. Sempre tem uma próxima vez. A não ser que você esteja tentando se matar, é claro.

Nem eu mesma entendo o que eu escrevo, o que eu quero dizer. Acho que... só quero tentar outra vez. Sempre tem um outro caminho.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Desabafo

Postei hoje no Alice's e... não falei exatamente sobre o que eu queria. Tá certo que eu odeio carnaval, mas preciso desabafar, e... tá.

O que fazemos quando gostamos de alguém que não dá a mínima para nós?

Errar uma vez é humano. Errar duas vezes é burrice.

Eu estou tão cansada de me culpar por certas coisas, tão cansada de fazer as coisas e me arrepender depois. Mas eu não me arrependo totalmente. Em parte, apenas. Mas arrependimento é uma coisa ruim. Pra que fazer uma coisa se vai se arrepender dela depois? E por que se arrepender?

Motivos. Vivo procurando motivos para tudo.
Hora de aprender que algumas perguntas não tem respostas a não ser que eu mesma responda. A não ser que eu mesma reflita comigo mesma e as encontre.

Esperança. De que um dia essa pessoa realmente olhe pra mim de outra maneira. De que pare de me tratar como um objeto. Ou que eu esqueça-o de uma vez, afinal de contas.

Medo. De perder esse contato. De não tê-lo mais nem como um amigo. De... ter que esquecê-lo. De ter que viver sabendo que nunca mais vou falar com ele. Nem por um minuto, nem por um simples "oi".

O que faz uma pessoa agir por impulso? O que faz uma pessoa amar alguém?
Simplesmente não aguento mais.

Preciso me livrar disso... pra sempre. Nunca mais me apaixonar. Mas nunca é tempo demais...
Não me apaixonar por um longo tempo, e me sentir livre dessa angústia que me toma todos os dias, que me faz escrever coisas sem sentido, que faz eu me sentir presa, sufocada, rejeitada.

Pra sempre também é tempo demais. Mas não seria se eu estivesse ao seu lado.
Baboseira. Pra sempre é sempre tempo demais. Seja com quer que eu esteja. Existem limites de tempo. Todos temos um limite. Eu cheguei ao meu há algum tempo. Mas insisto na mesma tecla.
Preciso parar com isso. Preciso...
relaxar. (: